Avaliação Nutricional

 

INTRODUÇÃO

 

A anorexia e bulimia são distúrbios alimentares cada vez mais comuns, e graves. Numa sociedade marcada pelo culto da magreza, estas doenças revelam uma relação difícil e extraordinariamente dolorosa com o corpo. Vivemos numa época em que a beleza e juventude e a perfeição física são ambições generalizadas e fatores de sucesso e, daí o aumento dos transtornos alimentares mais comuns. A anorexia e a bulimia revelam essa busca obsessiva da perfeição do corpo. Acontece que, ao contrario do que muitos pensam, nem uma nem outra são manias ou caprichos. São doenças muito graves do foro psicológico, que afetam uma parte substancial da população, com conseqüências visíveis no relacionamento interpessoal e nas atividades do dia-a-dia.

 

Parece não existir apenas uma causa capaz de desencadear o aparecimento desta doença. Razões de ordem sociológica, psicológica e biológica põem explicar a anorexia. Alguns especialistas afirmam que no desenvolvimento desta doença poderão existir, além de certa predisposição genética, fatores biológicos, familiares e socioculturais, e ainda especiais vulnerabilidade da personalidade. Os fatores psicológicos estão muitas vezes ligados ao fato de as anorécticas se sentirem sem liberdade, sem autonomia e demasiado controladas pela família. Por outro lado, parece existir uma componente hereditária neste tipo de personalidade obsessivo-compulsiva, sendo freqüente a existência na família de casos de anorexia, bulimia, depressão ou outras patologias do fora psicológico.

 

 

 

Anorexia Nervosa.

 

É um transtorno quase exclusivamente feminino que só passou a ser classificado pelos médicos na década de 70, com um progressivo aumento da incidência desde então. Caracteriza-se pela absoluta rejeição à comida pela busca do emagrecimento a qualquer custo.

A anorexia Nervosa é o distúrbio psicológico que mais mata – inclusive mais do que a depressão. Por causa de uma gravíssima deformação em sua auto-imagem, quem sofre de anorexia nervosa entra numa guerra mortal contra comida, cai num estado de total inanição, fica um feixe de ossos – mas ainda assim se olha no espelho e vê um excesso de peso que deve ser combatido a qualquer custo. Meninas e adolescentes são as vitimas preferenciais.

Na Idade Média, algumas religiosas, como Santa Catarina de Siena e outras santas, já eram chamadas de santas anoréxicas, pois desenvolviam uma restrição alimentar como forma de alcançar a Deus, de penitencia e purgação de seus pecados.

A Anorexia tem um componente genético ainda desconhecido dos cientistas. Mas os especialistas vêem na chamada “ditadura de beleza”, que hipervaloriza a magreza, um fator desencadeante da crise de auto-imagem.

Normalmente a pessoa anorética mantém um peso corporal abaixo de um nível normal mínimo para sua idade e altura. Quando a Anorexia Nervosa se desenvolve em uma pessoa durante a infância ou inicio da adolescência, pode haver fracasso em fazer os ganhos de peso esperados, embora possa haver ganho na altura.

Quando seriamente abaixo do peso, muitos pacientes manifestam sintomas depressivos, tais como humor deprimido, retraimento social, irritabilidade, insônia e interesse diminuído por sexo. Observações de comportamentos associados com outras formas de restrição alimentar sugerem que as obsessões e compulsões relacionadas a alimentos podem ser causadas ou exacerbadas pela desnutrição.

Outras características ocasionalmente associadas com a Anorexia incluem preocupações acerca de comer em publico, sentimento de inutilidade, uma forte necessidade de controlar o próprio ambiente, pensamentos inflexível, espontaneidade social limitada e iniciativa e expressão emocional demasiadamente refreada.

A Anorexia Nervosa pode levar à morte em conseqüência das alterações orgânicas e metabólicas secundarias a desnutrição e desequilíbrio eletrônico. Isso exige uma constante avaliação clinica e laboratorial.

A Anorexia Nervosa parece ter uma prevalência bem maior em sociedades industrializadas, nas quais existe abundancia de alimentos e onde, as mulheres atraentes estão ligadas a magreza. Fatores culturais também podem influenciar as manifestações do transtorno. Por exemplo, em algumas culturas, a percepção distorcida do corpo pode não ser proeminente, podendo a motivação expressada para a restrição alimentar ter um conteúdo diferente, como desconforto epigástrico ou antipatia por certos alimentos.

A Anorexia Nervosa raramente inicia antes da puberdade, mas existem indícios de que a gravidade das perturbações mentais associadas pode ser maior nos pacientes pré-púberes que desenvolvem a doença.

 

Tratamento

 

Uma das primeiras dificuldades é a que diz respeito à aderir o paciente ao tratamento, pois, a negação da doença é muitas vezes parte integrante do quadro. As pacientes com Anorexia Nervosa em geral desconfiam dos médicos, os quais elas percebem como inimigos e interessados apenas em realimentá-las, em fazê-las perder a vontade de controlar seus pesos. Portanto, o medico deve encorajar hábitos alimentares normais e ganhos de peso sem que isto se torne o único foco do tratamento.

Mesmo após a melhora é bom ter em mente que as recaídas são freqüentes. No caso da internação, a taxa de recidiva imediata é superior a 25%. Portanto o acompanhamento destas pacientes deve-se fazer por anos.

 

 

Bulimia Nervosa

 

A Bulimia Nervosa é uma disfunção alimentar associada á Anorexia, com um diferencial: a pessoa bulímica tende a apresentar períodos em que se alimenta em excesso, seguido pelo sentimento de culpa por causa do ganho de peso. Para “compensar” o ganho de massa, o bulímico exercita-se de forma desmedida, vomita o que come e faz uso excessivo de purgantes e diuréticos. Além dos mesmos danos a saúde causada pela anorexia, a Bulimia Nervosa tem outras complicações estomacal, presente no vomito, que corrói tais órgãos o que em alguns casos pode levar à morte.

A pessoa come bastante – e às vezes promove um festim alimentar, com mais de 4 mil calorias numa única refeição. E então se retira para provocar o vomito e colocar tudo para fora.

Na Roma Antiga havia vomitórios – durante os banquetes, os convidados se retiravam e provocavam o vômito com a intenção de continuar comendo.

A bulímica é uma pessoa com características pendulares: não come nada ou come muito. Isso pode ser observado em quase tudo na vida dela, pois são pacientes que estão bem num emprego e de repente saem da empresa, para voltar em seguida, mantêm um relacionamento amoroso estável, mas brigam com o namorado e, em seguida, reatam. Alimentam-se e correm para o banheiro, para provocar vômitos, ou perdem o controle na hora da alimentação.

 

Os pacientes bulímicos se envergonham de seus problemas alimentares e procuram ocultar seus sintomas. As compulsões periódicas geralmente ocorrem sem o conhecimento dos pais, amigos ou pessoas próximas. Após a bulimia ter persistido por algum tempo, os pacientes podem afirmar que seus episódios compulsivos não mais se caracterizam por um sentimento agudo de perda de controle, mas sim pro indicadores comportamentais de prejuízo do controle, tais como dificuldade a resistir em comer em excesso ou dificuldade para cessar um episodio compulsivo, uma vez que iniciado. Esses pacientes podem jejuar por um dia ou mais ou exercitar-se excessivamente na tentativa de compensar o comer compulsivo.

Em cerca de um terço dos pacientes com Bulimia Nervosa ocorre abuso ou dependência de substancias, particularmente começa na tentativa de controlar o apetite e o peso.

 

Tipos

 

Os seguintes subtipos podem ser usados para a especificação da presença ou ausência de compulsões periódicas ou purgações regulares durante o episodio atual de Anorexia Nervosa.

 

Tipo Restritivo – Neste tipo a perda de peso é conseguida principalmente através de dietas, jejuns ou exercícios excessivos. Durante o episódio atual, esses pacientes não se desenvolveram compulsões periódicas ou purgações.

 

Tipo Compulsão Periódica/Purgativo – É quando o paciente se envolve regulamente em compulsões de comer seguidas de purgações durante o episódio atual de anorexia. A maioria dos pacientes com Anorexia Nervosa que comem compulsivamente também faz purgações mediante vômitos auto-induzidos ou uso indevido de laxantes, diuréticos ou edemas. Alguns pacientes incluídos neste subtipo não comem de forma compulsiva, mas fazem purgações regularmente mesmo após o consumo de pequenas quantidades de alimentos.

 

 

 

Conclusão

 

O fato é que tanto a anorexia com a bulimia são transtornos do mundo moderno – em que a imagem corporal passou a ser cada vez mais associada com sucesso pessoal e profissional. Claro que existe um componente genético, e ainda desconhecido, que produz alterações nas sinapses cerebrais, gerando esse gravíssimo distúrbios de imagem. Mas a busca obsessiva pela beleza está na raiz do aumento da incidência desses transtornos nos dias de hoje.

Tanto na bulimia como na anorexia existe uma baixa auto-estima pronunciada. São pessoas que tentam criar uma forma de compensação no corpo por uma sensação de não-aceitação pessoal e social.